segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Já gastámos as palavras, meu amor.

"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus."
Eugénio de Andrade, in 'poesia & prosa'

sábado, 24 de outubro de 2015

Boa noite, NH.

"Amanhã cai a noite
E cais nos braços de outro alguém
Sem saberes que sofro em solidão
Como posso resistir
Se eu te amo noutra dança
Quando me levas até ao Bolchoi
À Opera, ao Scala de Milão
Em sonhos..."

Hoje foi um dia difícil. Mais um...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Music, a state of mind #22


100 Medos - Amor Electro

"Põe-te à frente, dita a língua
Tira o medo da cabeça
É mais farsa que do que interessa
É mais cheio de lembranças
Do que a vida que compensa

Vá, anda lá
Não queres ser o que viu e não quis ver
Ergue as mãos, faz melhor
Vê mais perto por favor

Que o teu jogo seja limpo
Corre o risco, sê honesto
É mais ganho que castigo
É mais luta que enriquece

Sê tu mesmo, sem medalhas
Dá o corte, muda a franja
Cansa o corpo com mudança
Fica calmo, faz sentido
Tira o sonho do abrigo

Vá, anda lá
Não queres ser o que viu e não quis ver
Ergue as mãos, faz melhor
Vê mais perto por favor

Vá, anda lá
Não vais ser o que não quis aprender
Ergue o chão, faz melhor
Vê mais perto por favor"

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Music, a state of mind #21


Reality - Lost Frequencies

"Decisions as I go,
to anywhere I flow
Sometimes I believe ,
a time where we should know
I can't fly high,
I can't go long
Today I got a million,
Tomorrow, I don't know"

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

3 anos depois.

12 de Outubro de 2012. Lembras-te?

Foi o dia.
O dia em que trocámos olhares pela primeira vez. O dia em que as nossas mãos se entrelaçaram pela primeira vez. O dia em que os nossos lábios se tocaram pela primeira vez.

Lembro-me como se fosse ontem. Estava tão nervosa... Tremia por todos os lados enquanto esperava que tu chegasses. E quando chegaste, o nervosismo desapareceu. Assim, sem mais nem menos. Como por magia. Era o dom que tu tinhas em mim. Fazias com que tudo parecesse tão simples. Quando te vi, era como se já te conhecesse há anos. Fizeste-me sentir tão bem, tão segura.

Mas... mal eu sabia o que o futuro me (nos) reservava. Passei por tanto contigo... Desde o muito bom ao muito mau, infelizmente.

E agora, três anos depois, aqui estou eu... Sozinha. A recordar aquele dia. A recordar aqueles anos. A recordar todos os momentos que passámos juntos.

É triste ver o que eramos (ou o que viríamos a ser) e o que somos agora. Mas foi este o futuro que tu escolheste. Foi este o futuro que tu decidiste ter. Foi este o futuro que nos estava destinado.



O tempo passa, as coisas mudam e nós temos que nos adaptar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Imagem do dia #52


Imagem do dia #51



A tragédia absoluta que é conheceres o amor da tua vida na altura errada.

"Separações são sempre difíceis porque temos que chorar por alguém que amámos e perdemos.

Mas o tempo cura tudo, e eventualmente irás conhecer outra pessoa. Eventualmente, esse ex-amor será apenas uma memória distante.

Mas há um tipo de separação que não é como todas as outras. É uma separação que aconteceu com uma pessoa que, por maisque tentes, não consegues esquecer.

Não há um dia que não passe sem que essa pessoa se cruze na tua mente e que faça o teu coração sentir-se mais pesado.

Normalmente acontece porque a relação está inacabada. Mas não podes dizer isso a ti próprio, e certamente não podes acreditar nisso porque te iria enlouquecer.

Então, tu dizes a ti próprio que estás bem e que consegues seguir em frente. Chegas até a ficar muito próximo de te enganares a ti mesmo.

Isso é, até ouvires aquela música, veres aquela foto, teres vontade de partilhar alguma coisa ou simplesmente acordares a pensar nele ou nela.

Então voltas à estaca zero.

Existem tantas pessoas que entram e saem da tua vida. Algumas enamoras durante alguma tempo mas nunca lhes dás uma oportunidades e outras gostas imenso mas não resulta.

Depois existem aquelas pessoas que te destroem, que levas meses ou anos para esquecer.

Mas este sentimento é diferente; este é o sentimento que tens quando sabes que algo tem que acabar agora mesmo mas ainda não está terminado totalmente.

Não podes simplesmente dizer, "Eu desejo-te o melhor", e seguir em frente. Não consegues terminar esse capítulo da tua vida porque sabes que não podes desistir já. Não agora, e talvez nunca.

E depois és enviado para aquilo que gosto de chamar de "purgatório do amor". É um local onde sabes que está o amor da tua vida, mas os dois não estão actualmente juntos.

Talvez tenham namorado durante um curto período, talvez tenham tido uma relação completa ou talvez nem tenham estado oficialmente juntos. 

A conexão com essa pessoa é tão real, forte e magnética que és constantemente puxado para ela. A relação não atingiu o seu potencial ainda, portanto não pode acabar. 

Na verdade, essa pode ser a pessoa com quem um dia irás ficar. Mas não estão juntas agora por causa do tempo, da agenda, das oportunidades perdidas ou blah blah blah.

Então tu estás sentado no purgatório do amor a passar o teu tempo até que ambos se possam encontrar novamente. Não ficas somente sentado a ouvir música triste e a esperar.

Tu encontras distracções e afastas-te daquilo que realmente sentes de maneira a continuares a ser um humano capaz de funcionar na vida. 

Conheces outras pessoas fantásticas e lindas com quem gostarias que as coisas funcionassem, mas isso nunca acontece. Ele ou ela simplesmente não é o/a _____________ (preenche com o nome da tua pessoa).

"She's not Rachel", é a famosa linha da série "Friends". E isso é o que a pessoa que te mantém no purgatório do amor te faz sentir; ninguém se compara a ela.

Porque quando sabes, tu sabes. Essa conexão acontece uma, talvez duas vezes numa vida inteira. 

Os teus amigos acham que és maluco, e tu próprio começas a sentir-te maluco. Porque é que, num mundo com biliões de outras pessoas, tu estás a deixar que uma não te deixe seguir em frente? Nem tu consegues responder a essa questão.
«O coração tem razões que a própria razão desconhece.»
Blaise Pascal

 Algumas pessoas conhecem alguém, namoram, apaixonam-se e vivem felizes para sempre.

Muitos outros não têm tanta sorte. Alguns de nós têm que lutar, acabar, voltar e atravessar o inferno com a outra pessoa até que finalmente tudo resulte.

Talvez o problema seja, novamente, tempo. Talvez tenhas que aprender e crescer mais antes que possas assentar. Qualquer que seja o problema, tu sabes que eventualmente os dois irão encontrar-se novamente. 

Porque tal como Ross e Rachel, Bonnie e Clyde, Brad Pitt e Angelina Jolie e todas as grandes histórias de amor dos filmes e da televisão, existe sempre alguém que não consegues esquecer e nunca conseguirás.

Mas até encontrares o teu caminho de volta, tu ficas sentado miseravelmente no purgatório do amor com esperança de encontrar alguém ou alguma coisa que te mantenha ocupado tempo suficiente para não te auto destruíres.

Algumas pessoas vão ficar irritadas com isto e pensar, "Não é assim que é suposto ser o amor", ou "Se fosses maduro o suficiente sobre como funciona o amor, não estarias neste estado". 

Mas eu tenho que discordar e contra-atacar com isto, "Como é que sabes? Só porque as coisas foram fáceis para ti não significa que seja para todos os outros". 

As pessoas são muito complicadas e o amor é, por vezes, complicado.

Se não é desta forma para ti, não significa que estejas a amar da forma errada. Simplesmente significa que o teu caminho foi mais fácil.

Para aqueles que estão actualmente no purgatório do amor, um dia estarás com essa pessoa, também."

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

I'm tired of everything. I'm tired of nothing.

"You know that feeling? 
When you're just waiting.
Waiting to get home, into your room,
close the door, fall into bed,
and just let everything out that you kept in all day.
That feeling of both relief and desperation.
Nothing is wrong.
But nothing is right either.
And you're tired.
Tired of everything, tired of nothing.
And you just want someone to 
be there and tell you it's okay.
But no one's going to be there.
And you know you have to be strong
for yourself, because no one can fix you.
But you're tired of waiting.
Tired of having to be the one to fix yourself and everyone else.
Tired of being strong.
And for once, you just want it to be easy.
To be simple. To be helped. To be saved.
But you know you won't be.
But you're still hoping.
And you're still wishing.
And you're still staying strong and fighting,
with tears in your eyes. 
You're fighting."

Imagem do dia #44


Imagem do dia #43


Imagem do dia #42


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Pudesse(s) eu (tu) ter lido o futuro...

"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és... e só preciso de um minuto da tua atenção.

Espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.

Espero que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é por mal... é por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.

Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.

Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono do amanhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar na hora.

Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não vai se esforçar para decorar os nomes de todos os teus amigos de primeira... Porque ela... ela é que sabe de si.

Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.

Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se não estiver bom ela vai rir do fracasso, em vez de chorar.

E quando ela ri... quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas por cada gargalhada como uma nota musical que toca ao coração e me faz querer dançar.

Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive.

Aprende que a ritmia que sentes com ela é normal!
E que a falta dela é um vazio igual à morte.

Espero que sejas tudo aquilo que eu nunca fui.
Espero que a trates bem.
Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.

Pudesse eu ter lido o futuro..."

Sabes o que é o amor?

"- Sabes o que é o amor?

– Não.

– Não?

– Não. Porque o amor não se sabe, só se sente.

– E como sabes se é amor o que estás a sentir se não sabes o que ele é?

– Se calhar não sei, intuo. Ou talvez chamemos amor àquele estado de superior bem-estar que nos alvoroça e faz sorrir.

– Também faz chorar.

– O amor não. O amor nunca faz chorar. O que nos faz chorar são as circunstâncias, os objectos de afeição ou até o facto de nunca o encontrarmos.

– Nesse caso, o amor nunca depende do outro e vive só em ti. É um sentimento egoísta e indivisível.

– Não percebes nada.

Para sentir o amor são precisas duas bocas.

Têm de estar ávidas exactamente no mesmo grau, ter temperaturas semelhantes e obrigatoriamente encimadas por olhares que se magnetizem e se cruzem tão profundamente que acabem com a alma exposta a correr saliva. E mel.

Para sentir o amor, é preciso sonhar com o ser amado a cada hora, antevendo todas as maravilhas e dedicar-lhe a mais completa devoção. É preciso até deixar de ser, na justa medida de se ser só isso, o amor do outro.

– Portanto, o amor é altruísta?

– Não. É mesquinho, selvagem, facínora e egoísta.

Ao amor não se tire nada sob pena de o matar logo ali. No amor, tudo o que dás, dás por ti, e se a felicidade do outro te é importante é apenas porque dela depende a tua própria. Se pudesses, enfiavas todo o objecto amado dentro de ti, para sempre. Para que nunca te fosse retirado o prazer do vai e vem que te acomete, para que nem o sol beijasse aquela pele, para que à volta dele só houvesse o teu respirar, o teu sangue, o teu cheiro, a tua cor.

– Mas isso é sórdido. É opressor e tirânico.

– Talvez. Mas se eu soubesse o que é o amor, provavelmente te diria que quando ele chega e te derrota com as suas pequenas manhas e danças de corpo, nunca mais serás livre. Terás por vezes a ilusão que o matas, que foges ou te desprendes mas será só isso mesmo, uma ilusão. Uma ilusão mais frágil do que uma colorida bola de sabão.

O amor é como a pele. Ou uma cicatriz na pele, nunca mais sai de ti e são inúmeras as vezes que a tacteias com a ponta dos dedos para perceber a exacta nodosidade. Da mesma forma que apertas o útero à força do que já sentiste ou mordes o lábio inferior na esperança de encontrar nele a boca morna do outro. Assim te deitas para que te sussurre as orações secretas do outro e as revives cada segundo da tua noite e morres e matas se ele já não está. Porque é teu, faz parte de ti e ninguém pode ser feliz sem um membro –  terá sempre a amargura e a revolta dos aleijados, mesmo os que voltam a andar.

– E como é que se vive sem um membro?

– Não sei. Mas era miúda para dar um tiro a quem me quisesse arrancar um.

– Depois eras presa.

– O amor é isso.

Deitar fora a liberdade e gostar."

de Patrícia Motta Veiga in 'Maria Capaz'

Music, a state of mind #20


Stone Cold - Demi Lovato

"Stone cold, stone cold
You see me standing, but I'm dying on the floor
Stone cold, stone cold
Maybe if I don't cry, I don't feel anymore

Stone cold, baby
God knows I tried to feel happy for you
Know that I am redefined
And I understand, I'll take the pain
Give me the truth, me and my heart
We'll make it through
If happy is her, I'm happy for you

Stone cold, stone cold
You're dancing with her, but I'm staring at my phone
Stone cold, stone cold
I was your amber, but now she's your shade of gold

Stone cold, baby
God knows I tried to feel happy for you
Know that I am redefined
And I understand, I'll take the pain
Give me the truth, me and my heart
We'll make it through
If happy is her, I'm happy for you

Don't let me be stone cold, stone cold
I wish I could whisper but here's my pain
Know I'm happy for you
Know that I am redefined
And I understand
If happy is her, I'm happy for you"

Lose you. To love me.

7. You promised the world and I fell for it I put you first and you adored it Set fires to my forest And you let it burn Sa...