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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Não.

"Não me mostres as estrelas, se não pretendes abrigar-me da noite. Não me envolvas nos teus braços, se não tencionas proteger-me do mundo. Não me questiones, se não queres ouvir-me sem fim. Não me roubes o chão, se não vais ficar para me agarrar. Não me dês paz, se me vais deixar numa guerra.

Não me faças sonhar, se vais virar um pesadelo. Não me deixes cair, se não tencionas ficar.

Se não. Não."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Queria.

"Queria acordar com a tua voz a dizer-me ao ouvido tudo aquilo por que tenho esperado. Queria ouvir-te dizer-me a falta que te faço. Que também tu te encontras exactamente no mesmo ponto que eu: sozinho. Queria ouvir-te dizer o quanto me amas e precisas. O quanto, afinal, a ti não te bastas. A falta que te fazem as nossas conversas. Aquilo que precisas do meu abraço e colo. Aquilo que eu ainda te irrito e incomodo. Aquilo que te tiro do sério só porque existo. Que o nosso amor não é de hoje. Nem de ontem. Que é uma coisa que se instalou e não mais se ausentou.

Queria acordar e não ser um sonho. Acordar com a tua voz ao ouvido em vez de na minha consciência.

Acordar e ouvir-te. Aqui."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Não preciso. Mas quero.

"Se sem ti vivo, continuarei a viver - ou a "subviver". 
Não preciso de ti: mas quero-te. Não preciso de ti para respirar: mas o ar contigo é mais leve. Não preciso que estejas aqui: mas quero partilhar contigo o mesmo espaço. Não preciso de ti para sorrir: mas o meu sorriso ganha outra cor. Não preciso de ti para viver: mas os dias contigo são sempre de sol. Não preciso de ti para fazer uma birra: mas contigo as discussões são mais giras. Não preciso de ti para um beijo: mas o sabor do teu é o que me sacia. Não preciso das tuas mãos em mim: mas são essas que me levantam. Não preciso de ti para um abraço: mas o teu é que me protege do mundo. Não preciso de ti para ser eu: mas o nós é o que me fascina.

Tenho uma vida. Tenho os meus dias. Tenho as minhas birras. Tenho os meus sorrisos. Tenho as minhas pessoas. Tenho as minhas coisas e manias. Tenho-me a mim.

É. Não preciso de ti. Mas quero-te.

Tanto e sempre."


de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

terça-feira, 7 de julho de 2015

Sonhas comigo?

"Hoje, apetecia-me ser o teu sonho. Daqueles em que na manhã seguinte se acorda a sorrir e meio confuso com o que é realidade.

Apetecia-me ser-te o sonho de mulher. Que o meu beijo te fosse um sonho e o meu abraço te levasse ao paraíso. Que o meu sorriso resplandecesse o teu dormir. Que a minha voz te embalasse no adormecer. Que a minha presença te descansasse.

Hoje, apetecia-me ser o teu sonho. Um sonho infindo em que não mais acordássemos. Um sonho de onde não nos queremos ausentar. Um sonho bom e protector. Quente e desafiador.

Hoje, apetecia-me ser o teu sonho. Sonhas comigo?"

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

terça-feira, 19 de maio de 2015

Tenho-te?

"Acorda-me com um abraço sussurrado pelo meu corpo. Abraça-me como um manto que protege. Protege-me com os teus braços enredados em mim. Colados a mim. Cravados pelo lado de dentro de mim.

Sossego-te com um beijo que abraça a alma. Abraço-te com a força de um querer eterno. Quero-te com a vontade que vem de dentro. Tens-me com a urgência de um beijo que descansa. E acalma. E aquece.

Tens-me. Sou-te.
Tenho-te. És-me."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Se tu a amas, diz-lhe que a amas.

"Se tu a amas, diz-lhe que a amas. Não faz sentido essa ideia de não ser preciso dizer porque o outro já sabe. Se sabe, maravilha... mas esse é um conhecimento que nunca está concluído. É um conhecimento que pede inúmeras e ternas actualizações. Economizar amor é mesquinhez. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver a vida a contar moedinhas de afecto. Há amor suficiente no universo. Para todo o mundo. Não perdemos quando damos: pelo contrário, ganhamos. Quanto mais nós fazemos o amor circular, mais amor nós temos e mais amor nós recebemos. 

Se tu a amas, diz-lhe que a amas. Nós podemos sentir que somos amados, mas gostamos sempre de ouvir e ouvir e ouvir. É música de qualidade. Tão melodiosa que muitas vezes, mesmo sem conseguirmos exteriorizar, sentimos uma vontade imensa de pedir: 'diz de novo, por favor?'. Dizer não dói, não arranca pedaços, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração e outra, sem espaço para se encontrar desculpas como a falta de tempo. Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, com a estupidez do só-digo-se-o-outro-disser, com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas defesas que nós criámos ao longo do caminho e quando nos apercebemos mais parecem uma muralha. Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida. De nós mesmos. Do amor.

Quando ela estiver ciumenta, abraça-a e diz-lhe que só a amas a ela e que nunca a vais deixar. Quando ela estiver chateada contigo, beija-a mesmo que ela 'faça birra' e diga que não quer, porque lá no fundo ela quer que o faças. Quando ela estiver carente diz-lhe coisas fofas, abraça-a por trás, põe-lhe o braço por cima dos ombros ou então dá-lhe simplesmente a mão, ela vai sentir-se segura e vai sentir que queres transmitir e que ela é só tua e de mais ninguém. Quando ela estiver triste mete-lhe um sorriso na cara, nem que seja a dizer parvoíces, quando ela estiver chorona abraça-a bem forte e diz-lhe que vai ficar tudo bem.

Se tu a amas, diz-lhe que a amas. Diz-lhe o conforto que sentes no coração sempre que os vossos olhares se cruzam amorosamente. Diz-lhe a gratidão que sentes por a teres a teu lado. Fala-lhe do teu contentamento por saberes que a tens a dar cor à tua vida. Fala-lhe da festa que acontece dentro de ti de todas as vezes que tu te lembras que ela existe. E se for muito difícil dizeres por palavras, diz-lhe de outras maneiras que também possam ser ouvidas. Prepara surpresas. Reinventa gestos de companheirismo. Mas não deixes para depois. 'Depois' é um tempo sempre duvidoso. O depois é distante daqui. O depois é sei lá..."

quinta-feira, 30 de abril de 2015

(im)Perfeito Tu.



"Perfeito é o teu beijo em mim. Os teus lábios pousados sobre os meus. Ávidos de nós. Perfeito é o teu abraço em mim. São os teus braços que me rodeiam e agarram. Sedentos de nós. Perfeitas são as tuas mãos que me afagam. Os teus dedos que por mim passeiam em toque que electriza. Urgentes de nós. Perfeitos são os teus olhos em mim. O teu olhar que me seduz e desatina. Insaciável de nós. De nós.

(im)Perfeito é o teu querer. É a força da tua vontade de mim. (im)Perfeito é o teu falar. A tua voz que me hipnotiza e aconselha. (im)Perfeito é o teu amor por mim. Que me cuida e protege. (im)Perfeita é a tua paixão por mim. Que me desencaminha e desafia. Perfeito é o teu cheiro. Perfeito é o teu sabor. Perfeito é o teu toque. Perfeito é o teu colo. Impaciente de nós. Desinquieto de nós. Sôfrego de nós. Faminto de nós. De nós.

Perfeitamente imperfeito.
Se o perfeito existe: o perfeito és tu.
Tu!"

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

Saudades.

"Enrola-te em mim. Entrelaça o teu corpo no meu. Cai nos meus braços. Esquece o risco e aproveita a queda. Traz o abraço que eu levo o corpo. Traz o beijo que eu levo os lábios. Traz a urgência que eu devolvo a calma.

Traz-te. 
Eu já cá estou."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '


Esta noite, não sei bem porquê, as saudades tornaram-se ainda mais fortes, ainda mais difíceis de aceitar, ainda mais difíceis de aguentar.
Tu estás aí (sem estares só) e eu estou aqui. 

"cai a noite e cais nos braços de outro alguém . . . sem saberes que sofro em solidão"

Good night . . .

quarta-feira, 29 de abril de 2015

E tu, em quem pensaste?

"Ontem ao adormecer: em quem pensaste? Quem foi a última pessoa que te cruzou o pensamento? Quem, naquele momento em que ainda não deixaste que o sonho te invada, permaneceu na tua mente? Quem se instalou no teu querer e fugiu contigo para o teu sono? Quem levaste contigo dentro da tua alma?

Hoje ao acordar: em quem pensaste? De quem eram os braços que te apeteciam? De quem era o beijo que esperavas que te acordasse? Quem querias sentir junto a ti nos primeiros raios da manhã? De quem era o cheiro que te querias aperceber antes dos olhos sequer abrires?

Ontem, tal como hoje: adormeci e acordei contigo.
E tu, meu amor? Em quem pensaste?"

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

sábado, 25 de abril de 2015

Hoje é daquelas noites.

"Hoje, é daquelas noites em que nada mais te tenho a dizer. Está tudo dito. Mais que dito. Sabes de cor o que eu penso. Já to disse inúmeras vezes, já to demonstrei, já to provei.

Hoje, é daquelas noites. Daquelas noites sozinhas. Daquelas noites em que fica o vazio do silêncio. Em que fica o vazio do nada. Aquelas noites em que a saudade não bate à porta e se instala sem pedir autorização.

Hoje, é uma daquelas noites.

Há noites assim."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Good night, my love...

"No extremo do cansaço. No fim de um dia exausto. 
Esgotada. Extenuada. Quebrada.

Quando a noite merece um beijo. Quando o frio reclama um abraço. 
Quando o cansaço te chama a ti. Quando eu te quero aqui.

Apenas e só: dorme bem, meu amor."

Dorme bem . . .

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

"Knowing how to touch her without touching her, really touches her."

"É este o teu poder: tocares-me sem sequer me tocares. Teres a capacidade de me arrepiar ao longe. De me inebriar com um abraço. De me desinquietar quando me olhas com um sorriso. De me leres a alma quando me olhas nos olhos. De me desassossegar só por te tocar. De me sossegar só por te ouvir.

De fazeres com que a minha vontade acorde só por te saber. Com que a minha mente vagueie só por te conhecer. Com que o meu sonho desperte só por te querer.

Tocas-me sem me tocar.
Por dentro. De dentro.
Tocas-me sem me tocar.
Ao longe. Que é perto."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

sábado, 18 de abril de 2015

I'm still here.

"Assim me vês: a passar. Em frente à tua vida. Passar-te em frente aos olhos! A dissipar-me no tempo. Assistindo aos dias a correr. A perderes-me por entre os dedos. A escorrer-te pelos olhos. A ouvires-me em surdina! A merda é que, mesmo que não queiras, sabes. I’m still here. E tu, egoísta, queres que esteja...

Quase não me vês. Well then, look around. Tentas esquecer-me. Enterrar-me de vez. Encobrir-me nos teus dias cinzentos. But I’m still here! Vivo nas mais pequenas coisas que te vês obrigado a fazer. Ainda te incomodo, mesmo que nada faça... Ainda te tiro o chão, quando me imaginas! Ainda te recordas do som baixo da minha voz? Do cheiro do perfume no meu pescoço? Do brilho do meu olhar contigo? Do teu riso comigo? Da força do nosso abraço? Adoro vestir o teu abraço...

Lembras-te? Ou sabes-me de cor?

E tu sabes. I’m still here. Para ficar! Porque és o meu vício! És a vontade que me corre nas veias! És o querer que não me sai do corpo! És o pensamento pecaminoso e o querer urgente! És o meu desassossego infernal. A ideia que se me perpetua na mente. És aquilo que busco incessantemente. És o que me rouba a sanidade restante. O que me acalma se tenho por perto. O que me apazigua se se aproxima. O que, simultaneamente, me entorpece e enlouquece.

E sempre foste o meu sítio. O meu porto de abrigo. A minha guarida.

Dê as voltas que der. I’m still here. Trace os caminhos que traçar. Rume onde rumar. Há sempre um sítio que é o nosso. Aquele onde estamos protegidos do mundo. Aquele que nos faz aninhar. Aquele que nos completa e preenche. Aquele onde um beijo só é superado por um abraço. Tu és o meu. E eu o teu."

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Algo me diz que abrias...

"Seis da tarde. Apetece-me ver-te. Decididamente não te vou avisar que estou a caminho. Subo até ao terceiro andar. Abres-me a porta e os teus olhos tudo dizem. Mesmo que quisesses disfarçar era-te impossível. Eles não mentem. São transparentes, não são como tu que tudo me tentas esconder.

- Tu?
- Apeteceu-me ver-te, nada mais.
- .....
- Não quero sequer falar contigo. Só fazer uma coisa rápida.
- ....

E enquanto, num misto de incredulidade e estupefacção, tu me olhavas, sem te dar tempo de reacção, dirigi-me a ti e dei-te um beijo. Assim, sem mais. Um único beijo e voltei a descer calmamente.

Só queria saber se ainda me sabias ao mesmo.

E se eu hoje te aparecesse à porta? Abrias?"

de Rita Leston in ' Gosto de ti, e então? '

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Se calhar, foi por isso...

"Dizes que amas a chuva, mas abres o teu guarda-chuva quando chove.
  Dizes que amas o sol, mas tentas sempre encontrar uma sombra quando ele brilha.
  Dizes que amas o vento, mas fechas a janela quando ele sopra.

  É por isso que eu tenho medo...
  Quando tu dizes que me amas. "

de William Shakespeare

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Vem, Noite Rainha...

"Vem, Noite antiquíssima e idêntica,
Noite Rainha nascida destronada,
Noite igual por dentro ao silêncio. Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.

Vem, vagamente,
Vem, levemente,
Vem sozinha, solene, com as mãos caídas
Ao teu lado, vem
E traz os montes longínquos para o pé das árvores próximas.
Funde num campo teu todos os campos que vejo,
Faze da montanha um bloco só do teu corpo,
Apaga-lhe todas as diferenças que de longe vejo.
Todas as estradas que a sobem,
Todas as várias árvores que a fazem verde-escuro ao longe.
Todas as casas brancas e com fumo entre as árvores,
E deixa só uma luz e outra luz e mais outra,
Na distância imprecisa e vagamente perturbadora.
Na distância subitamente impossível de percorrer."

de Álvaro de Campos

Vem, Noite Rainha e adormece-me... 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Entre o sono e o sonho.

"Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim."

de Fernando Pessoa in ' Cancioneiro '

O que ficou de ti.

"Sinto que tudo em ti ainda me pertence. Talvez tu um dia namores, te cases, comemores inúmeras datas especiais, aproveites convites de sexta-feira à noite e finalmente tenhas filhos e um animal de estimação. Só quero que saibas que podes tentar reencontrar o que ficou de mim em ti, mas nunca me encontrarás. Talvez em algum detalhe tu te lembres de mim, mas não serei eu. Se isso te dói a ti, não sei, mas a mim dói só de pensar que eu posso encontrar alguém melhor do que tu, mas não o mesmo. Dói saber que tu podes até conhecer alguém melhor do que eu, mas ninguém além de mim conhecerá o que tu foste comigo

( . . . )

Quero dizer-te que o que ficou de ti é espontâneo, tudo o que ficou comigo ficou porque existiu uma necessidade para ficar, tudo ficou para ser lembrado mesmo quando eu não tenha vontade de lembrar, e nada nem ninguém sentirá o que tu sentiste comigo e me fizeste sentir um dia. O que seria dos momentos se não fossem eternizados, o que seria da partida se não deixasse nada nem levasse, pelo menos, um pouco de nós?

O que ficou de ti ocupa o lugar vazio da mesa, estica-se pelo sofá e ocupa a minha cama todas as noites. E quando eu acordo, o teu "bom dia" ecoa pelo quarto, quando me deito o teu cafuné acaricia a minha nuca e os teus beijos chegam a toda a hora. Quando ligo a TV o teu programa preferido passa, quando desligo a TV a saudade bate à porta. Quando penso em ligar-te lembro-me que é melhor evitar levar um não, que é melhor evitar confundir as coisas e insistir no que já passou e no que parece não ter a menor pretensão de acontecer de novo. Quando penso em pretensão acabo por te querer, quando te quero, acabo por me perder, quando me perco, percebo que são só lembranças. E aqui, eu guardo - e muito bem guardado - todas as tuas manias e os teus cuidados, os teus sorrisos e as tuas mordidas, os teus olhos e também a tua saída.

Quando chove lembro-me que tu te molhavas todo com uma preocupação tola de que não querias ver-me com gripe outra vez, quando dividiamos o guarda-chuva. Por aqui, ficou o vazio dos teus sapatos atirados no canto do quarto, uma mensagem a dizer que era o fim e uma conversa numa sexta-feira à noite a lamentar por não podermos continuar mais. Ficou o teu olhar de adeus, a minha compreensão - não tão compreendida - de aceitar que tu estavas realmente a ir embora. Ficou aquele abraço frio, o nó na garganta quase a pedir para tu não ires. Ficou também a última chamada que precisei ignorar, ficou a tua insistência em falar de novo comigo, ficou a tua voz a pedir desculpas por tudo e a minha quase a pedir-te para ficares e a propor-te tentarmos outra vez, mas tive que dizer: tudo bem, vou seguir a minha vida também. Ficou a tua última pergunta a sugerir que nos tornássemos amigos, a minha resposta não dada e o silêncio que eu preferi manter. Ficou o desejo de te procurar como várias outras vezes procurei, mas desta vez eu preferi não me repetir. Tu não vieste e eu não fui, e essa vontade de nós nos vermos mas que nós preferimos evitar, ficou também.

Cheguei a pensar em como eu me iria acostumar com a tua ausência, perguntei-me até quando tu ficarias aqui mesmo não estando mais, e o que fazer para me acostumar sem ti. E as músicas que cantávamos juntos e os discos que escolhíamos juntos. E o que eu digo se o teu dentista me ligar? E o que eu digo à tua mãe se ela me procurar? E como é que eu explico para os nossos amigos que hoje eu vou sair só e que, na verdade, nunca te pertenci? E o que eu digo se me perguntarem por ti, o que eu invento para te esconder e o que eu digo para que ninguém perceba que apesar da distância tu ainda aqui estás, bem perto?

E quando tu te preocupavas com o meu silêncio, quando tu me questionavas se tinhas feito algo de errado porque tu às vezes falavas coisas estúpidas e nem percebias. E todas as manhãs estavas ali, mesmo não ocupando a minha cama ocupavas a minha caixa de mensagens. E todas as tardes tu aparecias e mesmo não me olhando nos olhos, sabias como os meus desejavam ver-te naquele momento. O que ficou de ti dá-me um medo danado só em pensar que eu posso encontrar-te com outro alguém e ter que fingir que está tudo bem, que está tudo certo. Preciso dizer-te que, de todas as coisas que tu deixaste, a pior e não menos dolorosa, é aquele restinho de sentimento no fundo da gaveta, coberto por saudade abarrotada, é aquela lembrança debaixo de tanto entulho que eu fingia não me importar mais, aquele restinho de amor empoeirado que eu nem sabia que existia. O difícil é quando o amor resolve ficar mesmo quando tudo o resto já foi.

Valoriza...

"Valorize quem te ama. Esse é o conselho mais sábio do mundo e deve ser adotado por todas as pessoas do planeta. Mesmo que você ache que não ama na mesma proporção, ou até mesmo que não ama, pois você pode estar redondamente enganado(a) e perceber isso tarde demais... Ou pelo fato da pessoa desistir e dedicar àquele amor a outra, ou pelo fato da pessoa sumir e você não mais conseguir contato, ou quem sabe até, a pessoa já não estar mais entre os vivos. 

Dê valor a quem te ama. Claro, não iluda, seja sincero(a) e explique que não sabe no futuro, mas no momento o amor não é de igual proporção. Mas valoriza e mantém por perto. Pois um dia você pode acordar e perceber que perdeu a pessoa da sua vida enquanto dava valor a pessoas de momento, de sentimentos superficiais... E, talvez, você acorde tarde demais. 

E se isso acontecer você vai saber o que é solidão, saberá o sofrimento que a pessoa passou por tí, vera que as lágrimas que tanto ele(a) derramou, por você, realmente ardiam. E ai, só restará o tempo pra te curar... 

E quer saber de mais uma coisa: O tempo não cura, só esconde o sofrimento. Mais cedo ou mais tarde aquilo vai vir a tona na sua mente, e, mesmo por pouco tempo, aquela tristeza vai te abraçar. 

Valorize!"

Boa noite . . . 

segunda-feira, 30 de março de 2015

Será assim o futuro?

"Comecei a amar-te no dia em que te abandonei.

Foram as palavras dele quando, dez anos depois, a encontrou por mero acaso no café. Ela sorriu, disse-lhe “olá, amo-te” mas os lábios só disseram “olá, está tudo bem?”. Ficaram horas a conversar, até que ele, nestas coisas era sempre ele a perder a vergonha por mais vergonha que tivesse naquilo que tinha feito ( como é que fui deixar-te? como fui tão imbecil ao ponto de não perceber que estava em ti tudo o que queria? ), lhe disse com toda a naturalidade do mundo que queria levá-la para a cama. Ela primeiro pensou em esbofeteá-lo e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, de seguida pensou em fugir dali e depois amá-lo a tarde toda e a noite toda, e finalmente resolveu não dizer nada e, lentamente, a esconder as lágrimas por dentro dos olhos, abandonou-o da mesma maneira que ele a abandonara uma década antes. Não era uma vingança nem sequer um castigo – apenas percebeu que estava tão perdida dentro do que sentia que tinha de ir para longe dali para ir para dentro de si. Pensou que provavelmente foi isso o que lhe aconteceu naquele dia longínquo em que a deixara, sozinha e esparramada de dor, no chão, para nunca mais voltar. 


De tudo o que amo és tu o que mais me apaixona.


Foram as palavras dela, poucos minutos depois, quando ele, teimoso, a seguiu até ao fundo da rua em hora de ponta. Estavam frente a frente, toda a gente a passar sem perceber que ali se decidia o futuro do mundo. Ele disse: “ casei-me com outra para te poder amar em paz ”. Ela disse: “ casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim ”. Na verdade nem um nem outro disseram nada disso porque nem um nem outro eram poetas. Mas o que as palavras de um (“ amo-te como um louco ”) e as palavras de outro (“ amo-te como uma louca ”) disseram foi isso mesmo. A rua parou, então, diante do abraço deles."

de Pedro Chagas Freitas in ' Prometo Falhar '

Lose you. To love me.

7. You promised the world and I fell for it I put you first and you adored it Set fires to my forest And you let it burn Sa...